As cenas de pessoas tentando se pendurar em aviões no aeroporto de Cabul, no Afeganistão, para fugir do regime do Talibã, que assumiu recentemente o poder no país do Oriente Médio, tomou conta dos telejornais e chocou o mundo.
Pior! O histórico de atrocidades faz crescer a preocupação da chamada comunidade internacional, principalmente quando o assunto são as mulheres afegãs, haja vista que há relatos de inúmeros casos de casamentos forçados e outras barbaridades cometidas pelo regime em áreas dominadas por muitos anos pelos fundamentalistas.
Mas quem acha que a opressão contra a mulher está restrita apenas ao país do Oriente Médio está redondamente enganado. Apesar de o Brasil possuir um regime democrático consolidado, aqui em nossas terras acontecem muitas coisas que causam repulsa naqueles que defendem a igualdade de gênero.
Basta fazer um comparativo na participação da mulher na política nos dois países e ficar boquiaberto com os dados apresentados. No Brasil, a bancada feminina na Câmara atingiu 15% nas últimas eleições, com apenas 77 deputadas entre os 513 representantes eleitos. Já no Afeganistão, até a chegada do Talibã, elas ocupavam 27% das cadeiras do Parlamento. Estamos mais atrasados do que eles nesta questão.
A coisa fica ainda pior quando o assunto é violência. Só no ano passado foram registradas 105.821 denúncias de violência contra a mulher, sem falar que no Brasil acontece um caso de feminicídio a cada 6 horas e meia.
Mas não paramos por aí. A coisa é feia também no mundo do trabalho. No início deste ano, a agência de empregos Catho constatou que mulheres que ocupam os mesmos cargos e realizam tarefas iguais às dos homens, chegam a ganhar até 34% menos. Quando a comparação é feita em relação aos cargos de gerente e diretor, essa diferença é de 24%.
É vergonhoso pensar que em pleno século XXI alguns países (o Brasil entre eles) não evoluíram o suficiente para que as mulheres tenham os mesmos direitos dos homens. Por isso a importância de existirem datas como o Dia Internacional da Mulher e o Dia Internacional da Igualdade Feminina, celebrado no último dia 26 de Agosto, onde, infelizmente, o Brasil ocupa a imoral 95ª posição no ranking da desigualdade de gênero no mundo. Por isso, essa data tem o propósito de provocar debate e reflexão para, quem sabe um dia, formarmos uma sociedade em que homens e mulheres tenham de fato os mesmos direitos.
Marcio Ferreira – Presidente SINTRABOR