No Brasil, há plantas em Santo André e Camaçari, normalização exigirá turnos extras
Matéria escrita pela jornalista Fernanda Brigatti e publicada no site da Folha de S. Paulo
A Bridgestone, uma das maiores fabricante de pneus do mundo, precisou desconectar suas fábricas da internet no domingo (27) depois de um “incidente de segurança de informação”.
A situação, a qual a empresa evita chamar de ciberataque, afeta a fabricação de pneus e produtos industriais na América Latina e América do Norte. No Brasil, o ritmo de produção está mais lento na fábrica de Camaçari (BA). Em Santo André (ABC paulista), o despacho de pneus prontos está parado, segundo o sindicato dos trabalhadores.
“Por uma questão de precaução, a companhia desconectou da nossa rede muitas das operações de manufatura e recapagem na América Latina e América do Norte para conter e prevenir qualquer impacto.”
A empresa diz que todos os sistemas internos foram restaurados nas últimas 24 horas. Nas fábricas, a Bridgestone afirma que haverá a necessidade de turnos adicionais para garantir o nível de produção total. A fabricante não diz quanto de sua produção foi afetado pela situação.
Na Bahia, empresa produz cerca de 11 mil pneus por dia e tem cerca de 1.000 empregados. Lá, segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros de Salvador, Camaçari e Região Metropolitana, Josué Pereira, a produção não está parada, mas está em outro ritmo.
“Toda a parte automatizada está parada e a fábrica está sem internet. Só as coisas manuais funcionam”, diz. Na segunda-feira, a fábrica na Bahia ficou no que o sindicalista chamou de estado de manutenção.
“As equipes ficaram tentando corrigir as falhas e foi restabelecendo algumas atividades, mas tudo desconectado”, afirma. “O pessoal está trabalhando, mas não roda com a mesma velocidade. Só não sabemos ainda a perda.”
Em Santo André, o presidente do SINTRABOR (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha), Márcio Ferreira, diz que a produção está mantida. “Os equipamentos são antigos, nada depende desse nível de automação.” Lá, o que os funcionários ouviram foi que a empresa sofreu um ataque hacker.
O problema, segundo ele, é que a produção não pode ser despachada às fábricas e distribuidores pois não há como emitir pedidos, calcular ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e emitir notas fiscais. No ABC, a Bridgestone emprega cerca de 3.000 pessoas.
A fabricante diz que o incidente foi identificado nas primeiras horas da manhã de domingo e que o episódio está sob apuração.
A Bridgestone afirma que sua equipe de tecnologia de informação está dedicada em restabelecer sistemas online como os usados para a emissão de pedidos, entregas e notas fiscais. “Também estão sendo retomadas as entregas diretas aos clientes desde os centros de distribuição e armazenamento”, diz.
Segundo comunicado interno ao qual a Folha teve acesso, a fabricante pediu aos seus funcionários que só usem o sistema remoto para necessidades críticas ao negócio.
Na segunda (28), a Toyota paralisou suas operações na fábrica em Tóquio após o que se suspeita ter sido um ciberataque em um fornecedor de peças plásticas e componentes eletrônicos, segundo a agência de notícias Reuters. A montadora de origem japonesa perdeu cerca de 13 mil veículos com a paralisação. Para a agência AFP, o porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno, disse que “o risco de ciberataques cresce devido à situação atual, incluindo a Ucrânia”, e pediu às empresas que “fortaleçam as medidas de cibersegurança”.